segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

AS DIVISÕES NO TEMPLO DE JERUSALÉM

O PODER DO TEMPLO
Muito mais do que um local de culto, o Templo de Jerusalém era o centro econômico, político e religioso de Israel. Lucrava com a arrecadação de impostos, tendo em seu cadastro cerca de 1 milhão de contribuintes, dentro e fora da Palestina. Além disso auferia somas fabulosas com o sacrifício diário de animais (bois, carneiros e pombos), criados por grandes proprietários de terras ligados às famílias sacerdotais. Calcula-se que na época de Jesus, por ocasião da páscoa, foram imolados, em suas dependências mais de 250 mil carneiros.

Para pagar os animais a serem sacrificados, os fiéis eram obrigados a trocar o dinheiro corrente, altamente inflacionado, pela tetradracma tíria, uma moeda forte, cunhada na Fenícia, que não sofreu nenhuma desvalorização num período de 300 anos. Os cambistas cobravam ágio de 8% pela operação e formavam uma máfia poderosa, mancumunada com a elite sacerdotal. Quando expulsou os vendedores de animais e cambistas do Templo, Jesus golpeou de frente essa rede econômica.

DIVISÕES DO TEMPLO

Átrio dos gentios
Esta grande superfície plana que rodeava o santuário e seus átrios exteriores era acessível tanto a judeus como a gentios.

O Recinto Sagrado
O Soreg, que era uma parede baixa em volta do templo, formava uma área sagrada que nenhum gentio podia pisar, sob pena de morte. Os degraus das escadas subiam seis côvados (2,7m) até a plataforma, que por sua vez era uma superfície plana situada na base das paredes.

Átrio das mulheres
Dentro dos quartos que havia entre as paredes, os degraus das escadas subiam 7,5 côvados (3,43m) até o átrio das mulheres, o qual estava rodeado por um balcão.

Átrio de Israel
Este átrio, que era exclusivamente para acesso de judeus jovens e adultos do sexo masculino, estava 7,5 côvados (3,43m) acima do piso do átrio das mulheres, e 15 côvados completos (6,85m) acima da plataforma. O átrio de Israel diferia do átrio das mulheres, pois enquanto este era grande e aberto, o das mulheres era estreito, coberto e rodeado de colunas.

Átrio dos sacerdotes
Era uma área de 2,5 Côvados (1,07m), era situado acima do piso do átrio de Israel, e estava exclusivamente reservado para os sacerdotes.

Santuário
Do átrio dos sacerdotes os degraus alcançavam uma altura de 6,5 côvados (2,98m), até o nível do piso do santuário, dentro das paredes havia numerosos aposentos. O edifício tinha apenas duas áreas importantes, o Lugar Santo e o Lugar Santíssimo, os quais estavam separados por duas grossas cortinas pendentes, e que distavam um côvado uma da outra. No Lugar Santo, os sacerdotes realizavam suas atividades regulares. O Lugar Santíssimo era o coração interior do templo, e só o sumo sacerdote podia ali entrar, uma vez por ano, no dia da expiação, quando oferecia um sacrifício pelos pecados do povo.

A exclusão dos gentios do templo propriamente dito revelava que os judeus eram os escolhidos de Deus, um povo separado.

A gradação dos átrios e seu acesso restrito ressaltavam as separações de grupos dentro do judaísmo.

A inacessibilidade do Lugar Santíssimo para todos, exceto para o sumo sacerdote uma vez por ano, e as numerosas barreiras que impediam o povo comum de aproximar-se do lugar onde supostamente estava a presença divina, era uma lição prática continua da santidade de Deus e sua separação dos pecadores.

A vinda de Jesus Cristo deu início a uma nova era. Ele derrubou todas as barreiras entre Deus e os homens arrependidos. Quando Jesus morreu o “véu do templo se rasgou em duas partes de alto a baixo” (Mt 27:51), mostrando que o caminho estava agora aberto a um acesso imediato a Deus. Em Cristo todas as distinções de classe desapareceram – as que existiam entre judeus e gentios (Rm 10:12), entre homens e mulheres (Gl 3:28) e entre sacerdotes e leigos (Ap 1:6.


        



 Fonte:
 Bíblia Thompson
 Revista Arquivos da História Viva





domingo, 27 de fevereiro de 2011

O PODER DAS PALAVRAS?

Muitos “chavões” ou “jargões” têm invadido as igrejas evangélicas no Brasil. Frases como: “Eu profetizo”, “Toma posse da bênção”, "Eu determino", "Eu declaro", entre outras, viraram formas arrogantes de os crentes exercitarem sua fé ou de se dirigirem a Deus, exigindo bênçãos imediatas. Preocupados com essa nova linguagem e com essa nova postura, faremos uma rápida análise do contexto evangélico atual, para que possamos entender o porquê dessas invencionices, praticadas durante as chamadas "ministrações", realizadas nos cultos.
Os Jargões e as Doutrinas Modernas
Muitos jargões surgiram como resultado de doutrinas controvertidas, como a crença em “maldição hereditária”, e a “confissão positiva”, que vieram juntas com a “teologia da prosperidade”. São ensinamentos antibíblicos. Essas doutrinas equivocadas são usadas para tirar dos cristãos a exclusividade da fé em Cristo, que é suficiente para libertar, curar e proteger os servos de Deus de toda força do mal.

Os jargões evangélicos e a confissão positiva
A chamada "confissão positiva" coloca o peso das realizações espirituais nas palavras pronunciadas e na atitude mental da pessoa que está ministrando, desconsiderando a genuína fé em Deus (At 3:16; Hb 12:1-2). Essa atitude é apoiada na falsa crença que diz: “Há poder em suas palavras”, como se as palavras humanas tivessem poder de criar, de intervir, de mudar situações. A ênfase é posta no homem, e, raramente, o ministrante cita o poder de Deus (Rm 1:16-17). Há dezenas de livros ensinando os crentes a agirem assim. A maioria dos fiéis não percebe que está caminhando para o abismo espiritual, lugar daqueles que se afastam das verdades bíblicas.

Os jargões evangélicos e a incubação de bênçãos
A conhecida "Incubação de bênçãos" é um desdobramento da crença na "confissão positiva". Consiste no seguinte: O crente incauto é ensinado a "gerar uma imagem mental", direcionada para o alvo que se pretende alcançar; por exemplo: se o crente deseja um carro, deve engravidá-lo mentalmente, para que Deus possa conceder-lhe a graça. É ridículo, mas, infelizmente, centenas de crentes deixam-se enganar. Essa atitude tem levado muitas pessoas ao comodismo, à inércia espiritual e a uma atitude preguiçosa, pois já não se esforçam para conseguir, com trabalho duro e honesto, aquilo de que precisam. Pelo contrário, ficam à espera do momento em que a bênção irá “cair do céu”. Da crença na "incubação das bênçãos", surgiu a arrogante frase: "Toma posse da bênção”. Isso simplesmente não existe na palavra de Deus.

Os jargões evangélicos e a mania de querer mandar em Deus
Chavões tais como: “Eu declaro”, “Eu ordeno”, “Eu profetizo”, "Eu decreto", são pronunciados sem a menor reflexão ou sentido de responsabilidade. Os crentes e, infelizmente muitos líderes comportam-se como se fossem Deus; colocam o "EU" na frente e soltam palavras que não fazem parte das alianças divinas, das promessas divinas, dos oráculos divinos, dos estatutos divinos, da graça divina, da misericórdia divina, do amor divino. Falam da forma como Deus não mandou falar, declaram o que Deus não mandou declarar. “Eu declaro”, “Eu ordeno”, “Eu profetizo”, "Eu decreto" são expressões despidas da espiritualidade ensinada na palavra de Deus; são frases que revelam a altivez do coração humano, são palavras que, por não terem respaldo bíblico, não mudam situação alguma.

Os cristãos precisam entender que não podem dar ordens a Deus! É Deus quem determina; é Deus quem decreta; é Deus quem declara; é Deus quem abençoa. É Deus; não sou eu. Ele é tudo; eu sou nada! Eu sou servo; Deus é Senhor! Ele é soberano; eu apenas obedeço à sua Palavra. A Deus, toda a glória! Assim, não é a minha vontade que deve prevalecer. Jesus não só nos ensinou a orar: ... Seja feita a tua vontade (Mt 6:9 e 10), como também pôs em prática o que ensinou: ... Todavia, faça-se a tua vontade... (Mt 26:42). Pronunciar uma frase por deliberação própria e dar a entender que está autorizado por Deus, sem, na verdade estar, é enganar o rebanho do Senhor. Deus não opera onde há engano; não compactua com enganadores e não terá por inocente aquele que tomar seu nome em vão (Êx 20:7).

Os jargões evangélicos e o egocentrismo
O que nos chama à atenção nessas manias, nessas invencionices, é o seguinte: quanto mais elas se alastram, mais o nome de Deus desaparece e o "EU" entra em cena. É trágico, os cristãos vão se tornando embrutecidos, achando que podem assumir o lugar do Altíssimo Deus.  Cada vez mais os cristãos expressam o desejo de assumir o lugar de Cristo: “Eu ordeno”, “Eu profetizo”. É o "EU" como centro da fé; é o egocentrismo religioso em marcha; é o endeusamento do egoísmo; é a divinização do homem.

Os cristãos precisam entender que Jesus não permitiu que o seu "EU" aparecesse. Quando alguém o chamou de “bom Mestre”, ele desviou de si a atenção e disse: ... bom só há um, que é Deus ... (Mt 19:17). É preciso ter muito cuidado com o egocentrismo religioso: o "EU" atrai para o homem a glória que a Deus pertence, sendo o resultado de tal atitude a morte eterna.
Reflexões Bíblicas Sobre Alguns Jargões
A ausência de estudo da palavra de Deus, ministrados de forma sistemática, tem dado oportunidade para a entrada de heresias, acompanhadas dos chavões religiosos, nas igrejas. Por isso, somos convidados a refletirmos sobre seguinte questão: A utilização dessas estranhas expressões tem o apoio da Bíblia? Avaliemos algumas delas:

- “Eu profetizo”
A Bíblia ensina que a profecia não depende do "EU" querer: ... Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirado pelo Espírito Santo (II Pe 1:21). É bom observarmos que os homens santos de Deus também não usaram essa frase; ao contrário, quando profetizaram, disseram: Assim veio a mim a palavra do Senhor... (Jr 1:4); Assim diz o Senhor... (Jr 2:5; Is 56:1; 66:1); Ouvi a palavra do Senhor... (Jr 2:4); E veio a mim a palavra do Senhor (...) disse o Espírito Santo... (At 13:2);... Isto diz o Espírito Santo... (At 21:11); Mas o Espírito expressamente diz... (I Tm 4:1). Em todos os casos, não aparece o "EU", aparece a pessoa divina.

Pense bem: Como vamos profetizar bênçãos, sem que Deus tenha nos autorizado em sua palavra, a Bíblia Sagrada? Como é que vamos profetizar, se, em nós mesmos não há bênçãos para oferecermos, visto que a Palavra afirma que, em nossa natureza, não habita bem algum? Como é que eu e você vamos profetizar bênçãos em nosso nome, se a Bíblia afirma que toda boa dádiva, todo dom perfeito vem do alto, do Pai das luzes, em quem não há mudança e nem sombra de variação?

Essa arrogância do "Eu te abençôo" deriva da falsa crença na "confissão positiva", que leva as pessoas a crerem em que há poder nas suas próprias palavras. Daí acharem que podem profetizar bênçãos a qualquer momento e a qualquer pessoa. A Bíblia condena essa falsa crença, pois somente Deus tem poder para abençoar.

- “Tomar posse da bênção”
Não encontramos o uso dessa expressão no Antigo e nem no Novo Testamento. É um jargão de uso frequente nas igrejas cujas reuniões têm como tema e propósito principal pregar e receber a prosperidade material, que eles reduzem a bênçãos. Os seus líderes não se preocupam com nutrir o rebanho com as verdades da palavra de Deus, que conduzem à salvação em Cristo Jesus (II Tm 3:14 e 15)

Essa frase surgiu para fortalecer a doutrina da "incubação de bênçãos". Como já vimos, neste texto, primeiramente a pessoa tem a “visualização positiva” da bênção desejada, isto é, concebe em sua mente o que ela quer receber e, em seguida é motivada a “tomar posse bênção”.

A "incubação de bênçãos", a "visualização positiva" e o uso do termo “tomar posse da bênção” são atitudes que substituem a fé operante e a atuação divina, levando as pessoas a crerem em que tudo depende da força da mente e das palavras de poder pronunciadas por elas. Comparando isso com o procedimento de Jesus e dos apóstolos, afirmamos que é errado usar o termo "Toma posse da bênção" como meio de termos as bênçãos divinas concretizadas em nossa vida. Os discípulos de Jesus nunca cometeram esse tipo de equívoco, pois, em lugar de dizerem: "Toma posse da bênção”, eles disseram: ... Se tu podes crer; tudo é possível ao que crê (Mc 9:23); ... Tende fé em Deus ... (Mc 11:22), ... Grande é a tua fé! ... (Mt 9:28) ... Seja-vos feito segundo a vossa fé (Mt 9:23); Em nome de Cristo, o nazareno, levanta-te e anda ... (At 3:6). Assim, em vez de as bênçãos serem direcionadas para o homem, a palavra de Deus ensina as pessoas a direcionarem suas esperanças para Deus, através da fé.

Conclusão

Doutrinas heréticas têm ocupado a mente e o tempo de muitos crentes. Elas não conduzem as pessoas a confiarem no sacrifício do Calvário, na cruz do Senhor, no sangue de Jesus, que nos purifica de todo o pecado, mas levam as pessoas a se envolverem com várias práticas estranhas à Palavra inspirada pelo Espírito Santo.

sábado, 26 de fevereiro de 2011


QUEM APARECEU A SAUL EM EN-DOR? - SAUL E A MÉDIUM
J. Dias
 
Com base em I Samuel 28, os espíritas costumam tirar as seguintes conclusões:

- A Bíblia afirma que é possível comunicar-se com o espírito de pessoas falecidas;
- Deus permite a consulta aos mortos. Este não é um pecado tão grave;
- Os mortos podem ajudar aos vivos.

E agora? Como contestar estas versões? Quem apareceu de fato? O profeta Samuel? Um espírito demoníaco? Ou tudo não passou de uma fraude

Esta passagem bíblica tem sido muito usada pelos espíritas, na tentativa de legitimar a doutrina de comunicação entre vivos e mortos. Em defesa da fé cristã, apresentamos a seguinte análise, que não difere muito de tantos outros argumentos apresentados por estudiosos e comentaristas da Bíblia Sagrada.

1. DEUS NÃO RESPONDE MAIS AO REI SAUL
Bem antes de Saul tentar falar com Samuel via feiticeira, a graça de Deus fora tirada de sua vida. Por sua desobediência no caso dos despojos dos amalequitas, o Senhor o repreendeu duramente porque a rebelião é como pecado de feitiçaria... Porquanto tu rejeitaste a palavra do SENHOR, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei (1 Sm 15.10-31).

Por sua rebeldia, Saul ficou entregue à influência demoníaca (1 Sm 16.14). A partir daí, perdeu o controle, foi tomado por ódio, inveja e ciúmes. Na sua fúria descontrolada, tentou matar Davi por mais de uma vez (1 Sm 18.9-12; 18.17; 19.1). Ele próprio declarou, desolado: Deus se tem desviado de mim e não me responde mais... (1 Sm 28.15).

Quanto a Deus não responder a pecadores, a Bíblia diz: Eis que a mão do SENHOR não está encolhida, para que não possa salvar; nem o seu ouvido, agravado, para não poder ouvir. Mas as vossas iniqüidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus, e os vossos pecados encobrem o Seu rosto de vós, para que não vos ouça (Is 59.1-2). O egoísmo, a cobiça, o ciúme e a desobediência endureceram o coração de Saul de forma irreversível. Ele sentiu o desamparo de Deus. As condições para que Deus ouvisse a Saul seria que ele orasse, buscasse verdadeiramente a Sua face, e se arrependesse com sinceridade de seus maus caminhos (2 Cr 7.14).

Porém, como um abismo chama outro abismo (Sl 42.7), Saul, num último e desesperado gesto de desobediência, resolveu apelar para uma feiticeira na tentativa de falar com o profeta Samuel, já morto. Ora, tal expediente é condenado por Deus na Sua palavra: Não haja no teu meio quem faça passar pelo fogo o filho ou a filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro, nem encantador, nem necromante, nem mágico, nem quem consulte os mortos. O Senhor abomina todo aquele que faz essas coisas... (Dt 18.10-12). (grifo nosso)

Nessa proibição não foi usada a palavra espiritismo porque esta só surgiu com o advento do Kardec ismo. Todavia, a idéia está subjacente. Quando vos disserem: Consultai os médiuns e os feiticeiros, que chilreiam e murmuram entre dentes, respondei: Acaso não consultará um povo a seu Deus? Acaso a favor dos vivos se consultarão os mortos (Is 8.19). O envolvimento com médiuns ou necromantes leva à condenação (Is 8.20-21), origina contaminação (Lv 19.31; 20.6).

Saul insistiu em ouvir a Deus por intermédio do profeta Samuel, que já havia morrido. Então, procurou uma feiticeira, uma necromante, uma mulher que incorporasse o espírito do profeta, uma mulher com dons mediúnicos: Buscai-me uma necromante, para que eu vá a ela e a consulte (1 Sm 28.7-a). Deus estaria sendo incoerente com Sua palavra se atendesse aos caprichos de Saul. Aqui surge a primeira evidência da impossibilidade de haver Samuel se apresentado na sessão espírita sob análise. Para lembrar: Em favor dos vivos consultar-se-ão os mortos? (Is 8.19). Logo, Deus não iria validar ou legitimar uma prática por Ele próprio condenada.

Além disso, uma das causas da morte de Saul foi por haver consultado a feiticeira de En-Dor (cidade da tribo de Manasses), conforme 1 crônicas 10.13-14. Não há como imaginar uma sessão espírita sendo enriquecida e abençoada com a presença de um mensageiro de Deus. Se consolidada e permitida tal prática, não precisaríamos mais buscar o Senhor. Em situações difíceis, cairíamos aos pés de uma feiticeira ou médium, e diligentemente se apresentariam a nós os santos servos do Senhor já mortos. Então, a Bíblia iria para o lixo e passaríamos a observar outro evangelho, quem sabe, O Evangelho Segundo o Espiritismo!

2. UMA SESSÃO ESPÍRITA CHEIA DE MENTIRA E ENGANO
Em primeiro lugar, Saul demonstrou ser um hipócrita: mandara eliminar todas as feiticeiras e agora vai a uma feiticeira (1 Sm 28.3,9). Segundo, ele se disfarçou e vestiu outras vestes, desejando negar sua identidade (v.8); usou falsamente o nome do Senhor, jurando por Ele (v.10). Terceiro, a feiticeira primeiramente disse que viu a Samuel (v. 12), depois, que viu deuses que sobem da terra (v.13); depois, já não eram deuses nem Samuel, mas um ancião envolto numa capa (v.14). Quarto, diante dos personagens apresentados, Saul entendeu que Samuel estava ali à vista da feiticeira vidente (v.14).
Por outro lado, a primeira fala de Samuel é de insatisfação: Por que me inquietaste fazendo subir? (v.15). Dois pontos devem ser analisados nessas palavras. Primeiro, se Deus permitira a vinda de Samuel, como Seu mensageiro, como querem os espíritas, o profeta deveria cumprir com alegria a missão confiada, e não se mostraria insatisfeito. Segundo, o entendimento é que quem comandou a subida de Samuel não foi Deus, mas o pecador Saul. O ancião envolto numa capa declarou que Saul o fez subir (v.15). O santo de Deus, o profeta Samuel, estaria à disposição de uma feiticeira e de um rei pecador, a quem Deus não mais respondia. Devemos nos lembrar que a Bíblia sempre fala que o inferno está em baixo, e o céu, em cima. Mas esse Samuel subiu, veio de baixo!

Outra pergunta de Samuel merece ser comentada: Por que, pois, a mim me perguntas, visto que o Senhor te tem desamparado e se tem feito teu inimigo? (1 Sm 28.16). Ora, se Deus havia se ausentado de Saul; se este já estava sob condenação; se os ouvidos de Deus estavam tapados ao clamor de Saul (v.6, 15,16), como sairia da glória o santo Samuel para prontamente atender a um chamado desse rei, via feiticeira? Se Deus se fizera inimigo de Saul, por que razão Samuel viria atender ao chamado? Que autoridade teriam um rei e uma feiticeira (ou, por extensão, que autoridade têm os médiuns) para convocarem os santos do Senhor?

3. A PROFÉCIA NÃO CUMPRIDA DE SAMUEL
Diz a Bíblia: Como conheceremos a palavra que o Senhor não falou? Quando o tal profeta falar em nome do Senhor, e tal palavra se não cumprir, nem suceder assim, esta é palavra que o Senhor não falou (Dt 18.21-22). Disse Samuel a Saul: E o Senhor entregará também a Israel contigo na mão dos filisteus, e amanhã tu e teus filhos estareis comigo (1 Sm 28.19).

Enquanto o pseudo Samuel estava discorrendo sobre fatos passados, acertou; mas no momento em que falou sobre acontecimentos futuros, foi um desastre. Ele disse: amanhã estareis comigo. Todavia, Saul não morreu no dia seguinte. Vejamos: Um dia se passou segundo relato em 1 Sm 29.10-11, (levantou-se no dia seguinte de madrugada); três dias se passaram, conforme 1 Sm 30.1 (chegaram ao terceiro dia a Ziclague); um dia se passou em 1 Sm 30.17 (desde o crepúsculo até à tarde do dia seguinte). Saul morreu cinco dias, no mínimo após a profecia de Samuel.

Disse mais Samuel a Saul: Tu e teus filhos estareis comigo (v.19). Os filhos de Saul eram, no mínimo, oito: Jônatas, Isvi, Malquisua, Merabe, Mical (1 Sm 14.49; 1 Cr 8.33), Armoni, Mefibosete (2 Sm 21.8), Abinadabe (1 Cr 8.33) Is-Bosete, cujo primeiro nome foi Esbaal (2 Sm 2.8). Todavia, apenas três morreram na batalha: Jônatas, Abinadabe e Malquisua (1 Sm 31.2,6; 1 Cr 10.2). Is-Bosete, por exemplo, passados cinco anos da morte de seu pai, reinou sobre Israel durante dois anos, (2 Sm 2.10; 4.7). Outra declaração contraditória: Estareis comigo. Por tudo que vimos Saul não foi para o mesmo lugar onde se encontrava Samuel, que estava no Paraíso, chamado seio de Abraão, na paz do Senhor. Outra inverdade proferida pelo falso Samuel foi que Saul cairia nas mãos dos filisteus (1 Sm 28.19). Saul suicidou-se (1 Sm 31.4-5).

4. OUTROS QUESTIONAMENTOS
Ora, se de fato Samuel apareceu naquela sessão como mensageiro do Senhor, suas profecias teriam sido cumpridas, na íntegra, quanto ao destino de Saul, ao dia da sua morte e ao número de filhos que morreriam na batalha.

Se Deus não falava com Saul pelos meios usuais ministério dos profetas e sonhos (1 Sm 28.15), não falaria através de um meio abominável. O surgimento do profeta naquela sessão espírita estaria legitimando uma nova prática de consulta aos santos do Senhor.

Por que, pois, a mim me perguntas? (1 Sm 28.16); Por que me interrogas (ou me inquietas) fazendo-me subir? (1 Sm 28. 15). Estas palavras levam-nos ao entendimento de que Samuel não viera a serviço do Senhor. Se o profeta estivesse ali em missão divina, jamais afirmaria que Saul o fez subir e falaria em nome do Senhor dos Exércitos. Se Samuel se apresentasse como mensageiro de Deus, como afirmam os espíritas, Saul estaria diante do interlocutor apropriado. Mas Samuel retrucou: Por que me interrogas?

Finalmente, se a prática de consultar os mortos tivesse sido validada por Deus, enviando o santo Samuel, não teria sentido a condenação de Saul, como está em 1 Crônicas 10.13: Assim morreu Saul por causa da sua infidelidade ao Senhor, e até consultou uma adivinhadora...

CONCLUSÃO
Uma coisa é muito clara: não foi o profeta Samuel quem apareceu a Saul. Alguém que profetizava em nome do Senhor não iria aparecer em uma reunião que Deus condena na Bíblia, conforme está escrito em Levítico 20:27 "Os homens ou mulheres que, entre vocês, forem médiuns ou consultem os espíritos, terão que ser executados. Serão apedrejados, pois merecem a morte".

Tudo leva a crer que um demônio ali se manifestou. Essa interpretação é reforçada pelos seguintes fatos adicionais, dentre outros já citados:

a) Saul desejou consultar uma mulher que tivesse o espírito de feiticeira (1 Sm 28.7), que literalmente significa uma mulher possuída de demônios, espíritos da mentira e do engano.
b) O espírito do engano, no intuito de enganar a todos - a Saul, aos criados e à feiticeira apareceu com o semblante de Samuel e certamente imitou a sua voz. Por isso, ela se mostrou assustada (1 Sm 28.12).
c) A afirmação estareis comigo, de Samuel, reforça o entendimento de que o diabo estava certo quanto ao destino de Saul.
d) A interrogação por que me fizeste subir denota que esse Samuel estava em baixo, em regiões inferiores, para onde também iria o rei.

Em Lucas 16.19-31, Abraão negou o pedido do rico, em tormentos, para que mandasse Lázaro a Terra. E teria Lázaro à nobre missão de falar de salvação aos irmãos do rico. Nem assim foi possível. Abraão declarou que eles deveriam dar ouvidos à Palavra e aos profetas, meios usuais de comunicação. O rico também se viu impedido de sair do seu lugar. Logo, espíritos humanos, bons ou maus, estão impossibilitados de se apresentarem em sessões espíritas, sejam elas dirigidas por médiuns, feiticeiras, necromantes ou adivinhos.

FONTE: 
Compêndio Seitas e Heresias

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011


POSSESSÃO DEMONÍACA, QUEM PODE SER ATINGIDO?
*J DIAS

Os Evangelhos narram vários confrontos de Jesus com pessoas possuídas por espíritos malignos. Nesses encontros sempre três coisas acontecem:

1.     Há uma declaração do estado da pessoa endemoninhada, que geralmente é de angústia mental, dor e sofrimento.
2.     Os demônios reconhecem Jesus como Filho de Deus, temem-no e não desejam sair de sua vitimas. 
3.     O poder e a autoridade de Jesus sobre os demônios ficam demonstrados, quando Ele só com sua palavra, os expulsa das pessoas em quem habitavam.

OS FILHOS DA LUZ E OS FILHOS DAS TREVAS
O Espírito Santo habita nos filhos da luz e os usa para fazerem obras grandiosas conforme a vontade de Deus. O Espírito de Deus tem poder sobre nós, mas não nos obriga a nada, apenas nos orienta a sempre fazermos o bem. Ele respeita nossa vontade, jamais nos leva a fazer algo que não seja de nosso consentimento. O Espírito Santo jamais nos deixa sem consciência de nossos atos.

Satanás e seus demônios querem habitar homens mulheres e crianças que são vazias do Espírito Santo, os filhos das trevas. Os espíritos malignos possuem a pessoa e a obriga a fazer coisas que ela jamais faria em sã consciência. A possessão demoníaca então se dá quando um ou mais demônios entram em uma pessoa e ficam ali, usando-a sob seu controle, expressando todo o seu ódio e maus propósitos através dela. A própria expressão “Possessão Demoníaca” já diz que é alguém que esta sob posse de Satanás.

A QUEM OS DEMÔNIOS PODEM POSSUIR?
Pessoas de ambos os sexos e de idades diferentes são mencionadas na Bíblia como endemoninhadas. Crianças (Mc 9.20-21), Jovens (At 16.16), Adultos (Mt 8.28).

O que essas pessoas tinham em comum é que eles não conheciam a Deus, ou rejeitaram a fé (apostataram), como Saul (I Sm 16.14) e Judas (Lc 22.3).  Os que se envolvem com ocultismo, bruxaria, feitiçaria, idolatria e todas as formas de espiritismo, estão vulneráveis aos demônios, já que ao buscarem essas coisas estão declarando que não confiam em Deus. Por isso o Senhor adverte aos homens para não se envolverem com tais coisas: “Quando entrares na terra que o Senhor teu Deus te dá, não aprenderás a fazer conforme as abominações daqueles povos. Não se achará no meio de ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro, nem encantador, nem quem consulte um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz estas coisas é abominável ao Senhor, e é por causa destas abominações que o Senhor teu Deus os lança fora de diante de ti. Perfeito serás para com o Senhor teu Deus”(Dt 18.9-14).

UM CRENTE PODE FICAR POSSESSO?
Algumas pessoas acham que sim. Acreditam que se um crente cair no pecado fica aberto para ser tomado e habitado por espíritos malignos. Embora não possam citar nenhuma passagem bíblica que confirme essa teoria.

Acreditamos que quando a pessoa aceita verdadeiramente Jesus em seu coração, mesmo que ela venha a cair em pecado, não poderá ser possuída por demônios, já que ela não perde a filiação com Deus, apenas está em desobediência. Deus não ira permitir que um filho seu mesmo afastado da casa paterna passe a ser morada de Satanás. Se isto vier a acontecer, pode ter certeza, essa pessoa nunca foi realmente convertida, nunca entregou seu coração a Deus, ou como fêz o rei Saul apostatou da fé. A apostasia é a ranúncia total do evangelho, é renunciar a filiação para com Deus.

Os crentes genuínos não devem temer a possessão demoníaca, ela não os pode atingir. Pode acontecer de uma ação momentânea de Satanás, como aconteceu com o apóstolo Pedro (Mt 16.23), mas possessão, não. Não se deixe atemorizar, não aceite teorias sobre maldição hereditária e outras coisas do gênero. Ao aceitar a Jesus, você foi selado pelo Espírito Santo e a este Selo demônio nenhum resiste. O crente genuíno é habitado pelo Espírito de Deus, protegido por Jesus e o maligno não pode lhe tocar (1 Jo 5.18).

EFEITOS DA POSSESSÃO DEMONIACA
As Escrituras Sagradas mencionam algumas das coisas que ocorrem aos endemoninhados, durante a posse:

Sentimentos de Ira e Desejo de Matar
Como Saul que queria matar Davi (I Sm 18.10-11). Esses desejos explicam ódio descomunal e a frieza com que muitos assassinos liquidam suas vitimas.

Força Física Descomunal
Como o endemoninhado gadareno (Mc 5.2-4)

Contorções e Gritaria
Como se fossem epilépticos ou tivessem convulsões (Mc 1.26; 9.17-20). Em alguns casos comportamento estranho como se fossem lunáticos (Mt 4.24).

Doenças
Como surdez e cegueira (Mt 12.22-23, mudez (Mt 9.32,33), podem ser resultados em alguns casos da atuação de demônios. Jesus curou certa feita uma mulher possuída de um espírito de enfermidade, e que andava encurvada fazia 18 anos (Lc 13.10-13). Não se pode afirmar que toda doença seja maligna, mas sim que algumas podem ser.

Poderes Paranormais
Satanás tem poder para executar sinais e prodígios para enganar as pessoas (2 Ts 2.9-10). O apóstolo Paulo certa feita expulsou de uma moça cartomante um espírito de adivinhação (At 16.16). Fenômenos espíritas como mediunidade, telecinesia (mover objetos), levitação, materializações de objetos pela força do pensamento, psicografia, podem ser atribuídos à possessão demoníaca.

QUEM PODE EXPULSAR DEMôNIOS?
Não existe dom de expulsar demônios. Por isso qualquer crente pode expulsar, usando o poder que há no nome de Jesus. Mas para usar o poder que há nesse Nome o crente precisa ter vida de consagração e comunhão com Deus. Expulsar demônios exige vida de oração e jejum.

Quem vai expulsar demônios, deve apenas usar o nome de Jesus com autoridade. Não se deve entrevistar esses espíritos malígnos, tudo que eles falarem não tem nenhum valor, já que eles são mentirosos e enganadores. Satanás é conhecido como pai da mentira. Não deve ser usado como shwou a expulsão de demônios, lembre-se que o endemoninhado tem família, e para os familiares não será agradável ver seu parente sendo humilhado em público.

Quem usa a autoridade que há no Nome de Jesus para expulsar demônios, não precisa agredir o endemoninhado. Jesus não entrava em luta corporal com o possesso, apenas usava sua autoridade.

CONCLUSÃO
O que fazer para não se tornar um possesso por espíritos malignos? A única proteção segura contra os espíritos satânicos é Jesus Cristo, a quem foi dada toda autoridade sobre as forças do mal. Aceite a Jesus, abandone o pecado, encha-se do Espírito Santo, e viva uma vida diária de comunhão com Deus.

FONTE:
Teologia Para o Povo de Deus - SOCEP

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

CALVINISMO E ARMINIANISMO
J. DIAS
 
O PLANO DA SALVAÇÃO
Deus previu tudo que aconteceria na queda do homem e planejou exatamente a salvação necessária antes da fundação da terra. Antes do primeiro pecado cometido no universo, antes da terrível crise provocada pelo homem rebelde, que fora feito a imagem e semelhança da Divindade, o Senhor planejou e proveu um meio de fuga das armadilhas e condenação do pecado. Nosso Deus não foi pego de surpresa. Ele já sabia que a queda aconteceria e pré-ordenou o plano perfeito para resgate do homem.

O plano de salvação de Deus é tão simples que o menor entre os filhos dos homens tem totais condições de entendê-lo o bastante para se tornar participante dele, experimentando assim seu poder transformador. Ao mesmo tempo é tão profundo que nenhuma imperfeição jamais foi descoberta nele. De fato, os que o conhecem melhor ficam continuamente espantados com a idéia de que um e apenas um plano de salvação seja necessário para satisfazer inúmeras carências espirituais em meio às variações quase ilimitadas das necessidades dos homens em cada raça, cultura e situação entre as nações do mundo.

O ponto nevrálgico do plano de salvação de Deus se concentra no cargo e função de um mediador, ou seja, alguém que pudesse colocar-se entre um Deus ofendido e uma criatura pecadora e sem esperança, o homem. Jó sentiu a necessidade de alguém assim quando se encontrou em conflito com Deus. “Porque ele não é homem, como eu, a quem eu responda, vindo juntamente a juízo. Não há entre nós árbitro que ponha a mão sobre nós ambos” (Jó 9:32-33). Esta é a posição que Cristo veio preencher em seu sacrifício substitutivo. “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (I Tm 2.5).

Esta é a razão para a encarnação da segunda pessoa da divindade; a fim de ser o mediador para Deus, Ele deve ser Deus; a fim de representar a humanidade, Ele deve ser homem. A penalidade pelos pecados humanos, que precisava ser cancelada para que o homem pudesse ter comunhão com Deus, era a morte. Mas em vista de Deus não poder morrer, Jesus precisava ter um corpo (O espírito não morre), por isso “o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (João 1.14).

Toda nossa salvação se tornou possível mediante a morte, sepultamento e ressurreição de Cristo Jesus.

A SEGURANÇA DA SALVAÇÃO
Mas será possível que o homem tendo entendido e aceitado o plano de salvação de Deus possa decair e perder a salvação?

A experiência prova a possibilidade de uma queda temporária da graça, conhecida pelo termo “desviar-se”. Esse termo não se encontra no Novo Testamento, apenas no Antigo. Há duas palavras hebraicas para descrever essa situação. Uma palavra hebraica significa “voltar atrás” ou “virar-se”, e a outra é ser rebelde. Israel é comparado a um bezerro teimoso que volta atrás e se recusa a ser conduzido, além de tornar-se insubmisso aos mandamentos do Senhor. Israel afastou-se de Deus e, obstinadamente, recusou-se a voltar-se para seus mandamentos.

O Novo Testamento exorta contra tal atitude, porém usa outros termos. O desviado é a pessoa que antes demonstrava seu amor por Deus, mas depois esse fervor se esfriou (Mt 24.12); era obediente à Palavra, mas o mundanismo e o pecado impediram seu crescimento e frutificação (Mt 13.22); outrora pôs a mão no arado, mas olhou para trás (Lc 9.62); outrora alegrava-se em ser chamado de cristão, mas agora se envergonha de confessar ser seguidor de Jesus (2 Tm 2.12); outrora estava liberto da contaminação do mundo, mas agora voltou a sujar-se como a “porca lavada a revolver-se na lama” (2Pe 2.22).

É possível decair da graça e perder a salvação? Aqueles que seguem o sistema calvinista respondem negativamente; aqueles que seguem o arminianismo (chamado assim por causa de Armínio, teólogo holandês, que trouxe a questão ao debate) respondem afirmativamente.

CALVINISMO
A doutrina de Calvino não foi criada por ele, mas ensinada por Agostinho, o grande teólogo do século IV. Tampouco foi criada por Agostinho, que afirmava estar interpretando a doutrina do apostolo Paulo sobre a graça de Deus.

A doutrina de Calvino: a salvação provém inteiramente de Deus; o homem não tem condições nenhuma de prover sua salvação. Se ele, o homem, arrepender-se, crer e se entregar a Jesus Cristo, é inteiramente por causa do poder atrativo do Espírito Santo de Deus. Isso se deve ao fato de que a vontade do homem se corrompeu tanto desde a queda que sem a ajuda de Deus ele não pode nem se arrepender, nem crer, nem escolher corretamente o caminho da salvação. Esse foi o ponto de partida de Calvino, “entendo como completa servidão da vontade do homem ao mal”. A salvação, então, não pode ser de outra maneira senão a execução de um decreto de Deus que fixa sua extensão e suas condições.

Naturalmente surge a pergunta: se a salvação é inteiramente obra de Deus, e o homem não tem nada a ver com ela e está desamparado, a menos que o Espírito Santo opere nele, então por que Deus não salva todos os homens, uma vez que todos estão perdidos e desamparados? A resposta de Calvino era: Deus predestinou alguns para serem salvos, e outros para serem perdidos. “A predestinação é o eterno decreto de Deus, pelo qual ele decidiu o que será de cada um de todos os indivíduos. Pois nem todos são criados na mesma condição; antes, a vida eterna está preordenada para alguns, e a condenação eterna para outros.” Ao agir dessa maneira, Deus não é injusto, pois ele não é obrigado a salvar ninguém; a responsabilidade do homem permanece, pois a queda de Adão foi por sua própria culpa, então o homem será sempre responsável por seus pecados.

Visto que Deus predestinou certos indivíduos para a salvação, Cristo Morreu unicamente pelos “eleitos”; a expiação fracassaria se alguns pelos quais Cristo morreu se perdessem.

Dessa doutrina da predestinação, segue-se o ensino de “uma vez salvo, salvo para sempre”, porque, se Deus predestinou um homem para a salvação, e este pode unicamente ser salvo pela graça de Deus, que é irresistível, então o salvo nunca pode perder-se.

Os que defendem a doutrina da “salvação eterna” apresentam as seguintes referencias bíblicas para sustentar sua posição:

João 10.28-29 “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão.”

Romanos 11.29 “Porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento.

Filipenses 1.6 “Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo.”

I Pedro 1:5 “Que mediante a fé estais guardados na virtude de Deus para a salvação, já prestes para se revelar no último tempo.”

Romanos 8:35 “Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?

ARMINIANISMO
O ensino do arminianismo: a vontade de Deus é que todos os homens sejam salvos; porque Cristo morreu por todos. Por essa finalidade ele oferece sua graça a todos. Embora a salvação seja obra de Deus, absolutamente livre e independente de nossas boas obras ou méritos, o homem tem certas condições a cumprir. Ele pode escolher aceitar a graça de Deus, ou pode resistir-lhe e rejeitá-la. Seu direito de livre arbítrio sempre permanece.

As Escrituras certamente ensinam a predestinação, mas não que Deus predestinou alguns para a vida eterna e outros para o sofrimento eterno. Ele predestina todos os que querem ser salvos, e esse plano é bastante amplo para incluir todos que realmente desejam ser salvos. Essa verdade é explicada da seguinte maneira: na parte de fora da porta da salvação, lemos as palavras: “quem quiser, pode vir”; quando entramos por essa porta e somos salvos, lemos as palavras no outro lado da porta: “eleitos segundo a presciência de Deus”. Deus, em razão de seu conhecimento, previu que essas pessoas aceitariam o evangelho e permaneceriam salvas, assim predestinou para essas pessoas uma herança celestial. Ele previu o destino delas, mas não o predeterminou nem interferiu.

A doutrina da predestinação é mencionada não com o propósito especulativo, e sim com propósito prático. Quando Deus chamou Jeremias ao ministério, ele sabia que o profeta teria uma tarefa muito difícil e poderia ser tentado a deixá-la. Para encorajá-lo o Senhor assegurou ao profeta que o havia conhecido e chamado antes de ele nascer (Jr 1.5). Com efeito, foi isto que o Senhor disse: “Já sei o que está diante de ti, mas também sei que posso te dar graça suficiente para enfrentares todas as provas futuras e conduzir-te à vitória”. Quando o Novo Testamento descreve cristãos como objetos da presciência de Deus, seu propósito é dar-nos a certeza do fato de que Deus previu todas as dificuldades que surgirão à nossa frente, que ele pode nos guardar e que nos guardará de cair.

Os que defendem a doutrina do livre arbítrio usam os seguintes textos bíblicos para assegurar sua posição:

I Timóteo 2:4-6 “Que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade. Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem. O qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos, para servir de testemunho a seu tempo.”

Hebreus 2:9 “Vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus que fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos.”

II Coríntios 5:14 “Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo todos morreram.”

Tito 2:11-12 “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens, ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, e justa, e piamente.”

UMA COMPARAÇÃO
A salvação é condicional ou incondicional? Uma vez salva a pessoa é salva eternamente? A resposta depende de como podemos responder à seguintes perguntas:

De quem depende a salvação?
Em última análise a salvação certamente depende de Deus, porque quem poderia ser salvo se a salvação dependesse da força da própria pessoa? Podemos estar seguros disso: Deus nos conduzirá à vitória, não importa quão débeis ou desatinados sejamos, desde que desejemos sinceramente fazer sua vontade. Sua graça está sempre presente para nos admoestar, reprimir, animar e sustentar.

Contudo, será que não há um sentido em que a salvação dependa do homem? As Escrituras ensinam, consistentemente, que o homem tem o poder de escolher livremente entre a vida e a morte, e Deus nunca violará esse direito do homem.

Podemos resistir a graça de Deus? 
Um dos princípios fundamentais do calvinismo é que a graça de Deus é irresistível. Quando Deus decreta a salvação de uma pessoa, seu Espírito a atrai, e essa atração não pode ser resistida. Portanto um verdadeiro filho de Deus certamente perseverará até o fim e será salvo; ainda que caia em pecado, Deus o castigará e pelejará com ele. Para ilustrar a teoria calvinista, diríamos: É como se alguém estivesse a bordo de um navio e levasse um tombo; entretanto, ainda está a bordo, pois não caiu no mar.

O EQUILÍBRIO DOUTRINÁRIO DA SALVAÇÃO
As respectivas posições fundamentais, tanto do calvinismo quanto do arminianismo, são ensinadas nas Escrituras. O calvinismo exalta a graça de deus como única fonte de salvação, e a Bíblia concorda. O arminianismo acentua o livre-arbítrio e a responsabilidade do homem, a Bíblia também concorda. A solução prática consiste tanto em evitar os extremos antibíblicos de um e de outro ponto de vista quanto em evitar pôr uma idéia em aberto antagonismo com a outra. Quando duas doutrinas bíblicas são postas em posições antagônicas, uma contra a outra, o resultado é uma reação que conduz ao erro. Por exemplo: a ênfase demasiada na soberania e na graça de Deus em relação à salvação pode conduzir a uma vida descuidada, porque se a pessoa é ensinada a crer que a conduta dela nada tem a ver com sua salvação, pode tornar-se negligente. Por outro lado, a ênfase demasiada no livre-arbítrio e responsabilidade do homem, como reação contra o calvinismo, pode deixar as pessoas sob o jugo do legalismo religioso de algumas igrejas e despojá-las de toda a confiança de sua salvação. Os dois extremos devem ser evitados.

A SABEDORIA DE ALGUNS PREGADORES CALVINISTAS
Quando Charles Finney ministrava numa comunidade em que a graça de Deus havia recebido excessiva ênfase, ele acentuava muito a responsabilidade humana. Quando dirigia trabalhos em localidades em que a responsabilidade humana e as obras haviam sido fortemente defendidas, ele acentuava a graça de Deus. Quando deixamos os mistérios da predestinação e nos dedicamos à obra prática de salvar almas, não temos dificuldades com o assunto. João Wesley era arminiano e George Whitefield, calvinista. Entretanto juntos conduziram milhares de almas a Cristo.

Pregadores piedosos calvinistas, como Charles Spurgeon e Charles Finney, pregaram a perseverança dos santos, mas de uma forma que evitasse a negligência. Eles tiveram muito cuidado em ensinar que o verdadeiro filho de Deus certamente perseveraria até o fim, mas acentuaram que se não perseverassem, poriam em dúvida a certeza sobre seu novo nascimento. Se a pessoa não procurasse andar em santidade, dizia Calvino, seria bom que duvidasse de sua eleição.

OS MISTÉRIOS DE DEUS
É inevitável que nos defrontemos com mistérios quando nos propomos a tratar das poderosas verdades sobre a presciência de Deus e o livre-arbítrio do homem; mas se guardarmos as exortações práticas das Escrituras e nos dedicarmos a cumprir os deveres específicos que nos são ordenados, não erraremos. “As coisas encobertas pertencem ao Senhor, o nosso Deus, mas as reveladas pertencem a nós e aos nossos filhos para sempre” (Dt 29.29).

CONCLUSÃO
Para concluir, podemos sugerir que não é prudente insistir indevidamente nos perigos da vida cristã. Maior ênfase deve ser dada ao poder de Cristo como Salvador; a finalidade do Espírito Santo que habita em nós; a certeza das promessas divinas; a eficácia infalível da oração. Assim podemos perseverar até o fim, como ensinou Jesus.
 
Fonte:
Conhecendo as Doutrinas da Bíblia, Myer Pearlman – Ed. Vida
Fundamentos da Doutrina Pentecostal, Guy P. Duffield e Nathaniel M. Van Cleave – Ed. Quadrangular